terça-feira, 26 de julho de 2011

90 ANOS DE JOB AUGUSTO DOS SANTOS.

JOB AUGUSTO DOS SANTOS
Noventa Anos:
Criando filhos e cultivando os netos;
Fazendo grandes amigos;
Edificando vidas;
Amando a Deus, sobre todas as coisas.
Conheço Job Augusto dos Santos desde a minha tenra idade.
Meu pai, José Carlos dos Santos, de saudosa memória, levou para minha casa uma foto, tirada junto ao prédio da antiga Escola Técnica de Belo Horizonte, Av. Augusto de Lima nº 2.109, prédio que hoje abriga o Instituto São Rafael, Escola e Serviços de Apoio aos Portadores de Deficiências Visuais, em Balo Horizonte. Olhando as imagens registradas naquela fotografia eu pude ver, pela primeira vez, a figura de homens inesquecíveis, ladeados entre si. Lá estavam: Ernani Neri Pinto Neri, Job Augusto dos Santos, José Carlos dos Santos e João Batista da Silva (Joãozinho) o ex-combatente da guerra mundial de 45, ano em que eu nascera. Não imaginava eu que aquele era um retrato vivo de fraterna amizade, lanços entranháveis de fidelidade, amor e cidadania. Não era um simples retrato, mas um símbolo que marcaria a minha vida por longos anos, por muitos feitos até a presente data de hoje: 24 de julho de 2011.
Job Augusto dos Santos faz parte dos fatos marcantes de minha formação humana, um exemplo e imagem homem cristão nos caminhos de minha própria vida. Nele eu ainda posso continuar vendo e revivendo a imagem de meu também “augusto” pai, José Carlos, que era também, por coincidência também “dos Santos”.
Além da grande “paciência de Job”, de seu magnífico exemplo de fidelidade à família da qual exerceu a figura honrada de esposo, de pai, de mãe, avó e bisavô, eu encontrei na pessoa deste homem mais dois atributos muito significativos em minha vida.
O primeiro deles é o fato de Job ter sido o enfermeiro mor do setor de saúde da Escola Técnica de Minas Gerais. Tornou-se ali conhecido e reputado como “o médico” mais presente e procurado pelos alunos e funcionários da instituição: tinha ele remédio, comprimidos para todas as pequenas dores, faixas para pequenas torções e bálsamos para as frequentes luxações. A todos atendia com presteza, grande dedicação e constante presença. Era ele um amor de médico, aprovado na disciplina do amor e formado pela “Faculdade de Medicina do Amor ao Próximo”.
Certa vez, estudante que era, aos meus 15 anos de idade, fato que já mais esquecerei em toda minha vida, entrei no gabinete médico da Enfermaria da Escola Técnica, carregando em minhas uma pesada mochila de cadernos, livros e uniforme das aulas de Educação Física e levando, também em meus ombros ou em minha mente, o pesado fardo da timidez que me possuía. Entrara eu ali para me submeter a um exame médico de rotina anual para rematrícula escolar. Ao entrar naquela enfermaria notei a presença de duas pessoas que conversavam entre si. Uma deles era o enfermeiro Job Augusto e a outra era um dos médicos que ali prestava o seu plantão, naquele dia.
O que aconteceu depois, no restante daquele dia, eu não consigo lembrar-me mais. Mas o um fato marcou a minha vida naquele instante, o qual deste jamais me esquecerei: o médico, olhando para mim, de baixo em cima, disse assim;
___Tire a camisa, moço.
Eu olhei para os lados e não vi, ao meu redor, nenhum lugar onde eu pudesse depositar a mochila, para ter as mãos desimpedidas e, desta feita, poder desvestir-me da camisa para submeter-me ao exame. Com um olhar rápido e bastante confuso, somente vislumbrei um espaço em um canto da mesa do próprio médico. Com duas passadas caminhei em direção à mesa e depositei a mochila no cantinho.
Bastou que a mochila tocasse na mesa para eu ouvir um brado do servidor profissional médico dizendo: Tire estas coisas daí..! E, virando ele o seu olhar em direção ao enfermeiro Job Augusto, o médico disse, com voz inteligível:
__está vendo só..! Igual a “Marthem” só existiu ele mesmo.
A minha falta de graça, e a timidez transformaram-se em pavor, pelo grande constrangimento passado. Não me lembro, até hoje, se eu fora realmente submetido a qualquer tipo de exame. Esqueci-me de todo.
Na situação em que me encontrará, não me recordo mais o que eu fizera daquele instante em diante. Sei somente que as mãos ágeis do enfermeiro alcançaram os meus pertences, com presteza, colocando-os em algum lugar que nem me posso imaginar.
Acontece que: em relação ao distinto e renomado médico, por um sublime dever cristão, eu já o perdoei, de coração; quem foi “Marthem” eu não sei até os dias de hoje.
Mas quem é Job Augusto dos Santos..! Isto eu sei, com muita clareza. Ele era um profissional na casa muito considerado e até tratado, pessoalmente, como um médico, por ser o mais presente e solícito naquele consultório. Job era ali “o Senhor Médico”, amável e com o seu jeito peculiar de prestar socorro. Aos quantos o procuravam ele os recebia com este seu jeitinho peculiar de sorrir falando, ou de falar sorrindo.
Job é, e sempre foi uma pessoa muito querida. Ele se fazia sempre pronto para dar uma boa opinião, um conselho nas horas difíceis pelas quais meu pai passou naquele educandário. Ele soube estender esse seu modo amável e prestativo de viver para com toda a minha família. As nossas famílias se tornaram amigas e estenderam se em laços de entranháveis afetos, guardados, carinhosamente em nossos corações in memoriam daqueles nossos enti-queridos que daqui já se foram.
A prova inconteste de o quanto meu pai gostava muito deste moço que hoje completa os seus 90 anos de vida está num fato real, que poucas pessoas conhecem. Foi quando nasceu o meu irmão caçula, em 19 de fevereiro de 1956. Meu velho e querido pai, de quem eu muito recordo com orgulho, com o intensão e desejo de homenagear, para sempre o seu amigo JOB AUGUSTO DOS SANTOS, escolheu um nome apropriado e bem parecido dele para o meu irmão caçula: tirando somente a letra B da palavra Job, “B” este não sonora em nosso idioma, o substituiu pelas letras E e L. Chamou, registrou e batizou, então, a criança nascida pelo nome completo de JOEL AUGUSTO DOS SANTOS.
Meu querido e fraterno amigo JOB AUGUSTO DOS SANTOS.
• Hoje, aquela criança é um ex-aluno e Prof. Joel Augusto dos Santos, professor de Sistemas Computacionais do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, ex-Escola técnica de Belo Horizonte, aquela Instituição que assistiu o tão bonito e valoroso encontro entre nossas vidas e entre nossas honradas famílias. Estes nossos laços de amor e amizade continuará sendo um encontro planejado por nosso amado e bondoso Deus.
• Está é a homenagem de coração e alma que presto a você, meu querido irmão e amigo, no transcurso de seus 90 anos de vida.
• Seja Deus sempre a Rica Benção de sua vida, na mesma dimensão em que você sempre foi a uma Benção em nossas vidas.
Carlos Alexandrino dos Santos.
23 de julho de 2011

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