quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A INTEGRIDADE MORAL DO PROFETA ELISEU


Pr. Airton Evangelista da Costa 
“Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.9-10).

Um homem íntegro. Integridade moral, de caráter, de fé. Ao saber que poderia pedir o que quisesse a Elias, quis apenas “uma porção dobrada do espírito” do profeta. (2 Reis 2.9). Essa unção valeria muito mais do que mil barras de ouro.

A sua retidão de caráter se revelou de forma cristalina quando recusou uma “bênção” de Naamã. O poderoso chefe do rei da Síria iniciou viagem com “dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupas” (5.5). Uma fortuna equivalente a mais ou menos trezentos e quarenta quilos de prata e setenta e cinco quilos de ouro, afora as roupas. As portas estariam abertas para ele e seria recebido com honras.

Habituado às reverências e aplausos na casa real, ficou decepcionado com a recepção que lhe dera Eliseu. Pensou que o profeta estaria perfilado, ele e seu moço, à porta de sua casa para saudá-lo. Não se pode negar que, fosse nos dias atuais, Naamã ficaria mui alegre. Teria imediato assento ao lado do celebrante, no púlpito, e seria o primeiro a dar seu testemunho antes e depois da cura.

Por isso, Naamã muito se indignou:

“Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, pôr-se-á em pé, invocará o nome do Senhor seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e restaurará o leproso” (5.11).

Há muitos apressadinhos que desejam uma solução rápida para seus problemas. Uma palavra mágica, uma oração urgente, um amuleto em que possam tocar e ficarem sarados. E ricos, muito ricos.

Deus não deseja curar apenas nossos males físicos. Muitas vezes, Ele nos faz caminhar pelo vale da sombra da morte, por caminhos que se nos parecem difíceis, portas e caminhos estreitos para quebrar nossa soberba. Não há vitória sem luta, como não há salvação sem arrependimento.

Naamã, que tinha um exército sob suas ordens, jamais imaginou que fosse obrigado, pelas circunstâncias, a submeter-se a um humilde homem. O profeta não se deu ao trabalho de falar pessoalmente com o poderoso chefão. Mandou um mensageiro:

“Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será curada e ficarás purificado” (5.10).

Naamã recebeu o recado como um insulto, uma afronta. Não aceitaria tal ultraje. Ele era o chefe do exército do rei, do rei da Síria. Merecia tratamento honroso. Mas resolveu ouvir o conselho de seus servos; olhou para a lepra que avançava; de que adianta ser um general de guerra e ser leproso? Será que esse tal de Eliseu não sabe que eu sou um homem rico?

A lepra do pecado é muito mais danosa. Eliseu poderia curar Naamã com poucas palavras, mas o leproso voltaria com a mesma soberba. Banhar-se no Jordão sete vezes seria equivalente a descer à casa do oleiro, a assimilar o princípio da obediência. Se Naamã tomasse seis banhos e não sete, não ficaria curado. Deus requer submissão total; entrega total; confiança total.

Após a cura, outra decepção. Instado a receber muitos quilos de ouro e prata como retribuição pelo benefício divino, o profeta simplesmente recusou. É possível que nem tenha conhecido o montante da “bênção”.

Naamã não sabia que existia esse tipo de homem. Pensava que todas as consciências poderiam ser compradas e todo o tipo de fortaleza moral poderia ser vencido com ouro e prata. Diante do que temos visto, o que os leitores acham que aconteceria hoje? Com certeza, receberia Naamã uma oração especial de meia hora; seria apresentado às ovelhas como o irmão Naamã, o maior benfeitor do ministério; seu nome seria colocado numa placa de ouro, em homenagem ao “grande homem de Deus”; seria convidado a ser dizimista da igreja.

Naamã encontrou no profeta uma fortaleza moral inexpugnável. Eliseu recebeu a unção de graça; de graça recebeu o dom da fé, os dons espirituais, a capacitação e a salvação. Receber uma oferta logo após uma cura seria mercadejar os dons recebidos.

O profeta era homem justo e temente a Deus. Sua resposta a Naamã foi uma ducha de água fria:

“Vive o Senhor, em cuja presença estou, que não a aceitarei” (5.16). Faço questão de repetir: “EM CUJA PRESENÇA ESTOU”. Eliseu tinha plena convicção de que Deus estava naquele lugar. Da mesma forma Deus está presente nas falcatruas dos “profetas de Deus” de hoje. A diferença é que Eliseu era íntegro.

Geazi, o moço de Eliseu, não tinha o mesmo pensamento e a mesma integridade. Por isso, recebeu o duro castigo de ficar leproso: “Portanto a lepra de Naamã se apegará a ti e à tua descendência para sempre” (5.27).

Alguns há que não sabem manipular grandes quantias em dinheiro sem se contaminarem. Os geazitas de hoje estão leprosos. São “profetas” a “apóstolos” leprosos. Deveriam se espelhar na integridade moral de Eliseu para servirem de exemplo para o rebanho. Deveriam ter vida “irrepreensível”. Porém, fazem moucos seus ouvidos à advertência do apóstolo:

“Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (1 Tm 6.11).


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO


        
Chegamos a mais um final de ano.
         Este é um momento para reflexão. 
Muitos de nós estamos alegres, felizes porque conseguimos realizar todos os projetos para 2.010; outros, porém, tristes, chateados por ver mais um ano de frustrações em suas vidas, decepcionados por não conseguir realizar seus sonhos; A maioria de nós conseguiu realizar muitos sonhos, é claro que alguns desejos serão transferidos para realização no ano vindouro.
Este é o viver do ser humano. Sonhos realizados: vitórias; sonhos a realizar: esperanças; sonhos frustrados: tristezas.
Mas todas as nossas esperanças convergem para um novo começo: Um ano novo. Este é o momento para seguir adiante, MARCHAR, para novas vitórias, deixando para trás o que passou, firmando nossas mentes em CRISTO olhando sempre para o alto (de cabeça erguida) independente das circunstâncias, pois é do alto que vem o nosso socorro. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente.
Ele é nossa Rocha, Nossa Esperança e Nosso Protetor, Ele preserva a nossa vida, ouve nossos clamores por ajuda. Ele guia nossos pés nos caminhos que têm sido uma bênção. Através do Seu Espírito, dá-nos capacidade de crescer e ser um exemplo aos outros ao passar pelas tempestades da vida. 
Se este é o teu pensamento com relação a Ele, então não temerás mal algum, pois Ele é suficiente em qualquer situação e nunca nos deixará só. Cristo, por meio daquilo que fez (o Sacrifício da Cruz), triunfou sobre nós (o Milagre do terceiro dia), de modo que agora, aonde quer que vamos, Ele nos utiliza para falarmos aos outros a respeito do Senhor, e para espalharmos o Evangelho como um perfume suave. É o perfume de Cristo dentro de nós, um aroma tanto pra os salvos como para os não salvos ao nosso redor. 
Então, em meio a lágrimas e sorrisos nos tornamos homens verdadeiros enviados por Deus para sermos testemunhas de Cristo, falando com o Poder do Espírito Santo sob esse olhar Divino.
Caro irmão e amigo em Cristo Jesus, a ordem é: não esmorecer, retroceder nunca, render-se jamais, pois, tudo vai dar certo.
É hora de recomeçar. Ano novo, vida nova, tempo de avaliar o que passou, hora de repetir os acertos e corrigir as falhas; é hora de perdoar e esquecer as mágoas; é hora de seguir rumo a vitória.
É hora para desejar a cada um de vocês um feliz natal, que o perfume de Cristo esteja em suas vidas, refletindo aquilo que você é em Cristo Jesus.
Que no ANO NOVO possamos agradecer TUDO o que o que Ele tem feito em nós e por nós e possamos expressar a DEUS e a TODOS o nosso muito obrigado. Que nesse “todos” não sejam incluídos apenas os amigos, mas também aqueles que, nos colocando dificuldades, nos deram oportunidades de sermos melhores. 
É hora de desejar a cada um dos meus amigos: paz, alegria, prosperidade, e que a presença de Cristo seja verdadeiramente uma constante em nossa vida e que a INTIMIDADE com o PAI seja cada vez maior.
É hora de elevar nossas orações ao Nosso Criador para que Ele venha realizar na vida de cada um de vocês todos os desejos, todos os sonhos, todas as necessidades com um Ano Novo repleto de conquistas e vitórias permanentes. 
FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO de 2011.
São os votos de Pr. Silvio Alcântara dos Santos

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O PASTOR E OS CAVALOS



Certo pastor depois de haver trabalhado por quase que 30 anos na labuta diária de tratar com  vidas; já um tanto cançado e mesmo descepicionado com os revés conquistados ao longo de tantos anos, terminantemente resoveu abandonar tudo e ir viver no campo. Iniciar um novo projeto e uma forma menos desgastante de envolver sua vida. Como era amante da natureza e das criaçöes começou a criar cavalos. Apaixonou-se por aquilo que estava fazendo, já que aquelas criaturas, embora animalescas, näo contradiziam suas ordens, mandos e desmandos. Após três anos, mergulhado nesta forma de vida, um dia recebeu a visita de alguns irmäos saudosistas. Um dos irmäos, refletindo muita espiritualidade perguntou ao velho pastor. Como o senhor pode deixar o trabalho com as vidas e se envolver com a criaçäo de cavalos? Pregunta, esta maliciosa e cheia de juizo. Depois de uma certa pausa o velho pastor, movido por um espírito de brandura e sem querer ofender a nada disse. Olha; o trabalhar com os homens foi desgastante, cansativo e que me levou a cultivar em mina alma muitas cicatrizes. E, respondeu com uma outra pregunta: Voce acredita que nestes três anos, embora sendo animais e quadrúpedes, eu näo levei nem um coice! (Silvio Alcântara dos Santos, do Livro em execuçäo;MEU IDE”.)


PESSOAS SÃO PRESENTES

Vamos falar de gente, de pessoas. Existe, acaso, algo mais espetacular
do que gente? Pessoas são um presente. Algumas vêm em embrulho bonito,
como os presentes de Natal, Páscoa ou festa de aniversário. Outras, vêm
em embalagem comum. E há as que ficaram machucadas no correio... De vez
em quando, chega uma registrada. São os presentes valiosos. Algumas
pessoas trazem invólucros fáceis. De outras é dificílimo, quase
impossível tirar a embalagem. É fita durex que não acaba... Mas... a
embalagem não é presente. E tantas pessoas se enganam, confundindo a
embalagem com o presente. Também você amigo, também eu, somos um
presente para os outros.  Você para mim. Eu para você. Triste se formos
apenas um presente-embalagem: muito bem empacotados e quase sem nada lá
dentro! Quando existe verdadeiro encontro com alguém, no diálogo, na
abertura, na fraternidade, deixamos de ser mera embalagem e passamos à
categoria de reais presentes. Nos verdadeiros encontros de fraternidade,
acontece alguma coisa muito comovente e essencial: mutuamente nós vamos
desembrulhando, desempacotando, revelando. No bom sentido é claro. Você
já experimentou essa imensa alegria da vida? A alegria profunda que
nasce do recôndito de uma alma, quando duas pessoas se encontram, se
comunicam, virando presente uma para a outra? Conteúdo interno é o
segredo para quem deseja tornar-se PRESENTE aos amigos e não apenas
EMBALAGEM... A verdadeira alegria, que a gente sente e não consegue
descrever, só nasce no Verdadeiro Encontro com Alguém!


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"NATAL"

"PORTA FECHADA"

NEM SEMPRE UMA PORTA FECHADA NA SUA VIDA E' SINAL DE DERROTA!

GN 7.16 - Deus fecha a porta da arca e livra Noé, sua família e
todos que ali estavam da morte.
MT 6:6 - Deus manda que entremos em nosso quarto e fechemos
a PORTA para termos intimidade com Ele.
II RS 4:33 - Eliseu fecha a porta do quarto e acontece o milagre
da ressurreição.
II RS 4:4 - Eliseu manda a viúva fechar as portas e acontece a provisão.
JS 2:4,5 - Raabe fecha as portas para esconder os espias e eles tem
livramento...

Assim diz o Senhor para voce:
Vou derramar meu óleo de forma sobrenatural e sem medidas sobre
a sua vida, é com portas fechadas. Depois da grande tempestade
virá o refrigério do Senhor. Voce terá mais intimidade com o Pai.
Terá livramento... Verá a provisão de DEUS chegar...

O milagre que voce espera vai acontecer... Não desanime!
Deus quando fecha a porta é para trabalhar em teu favor.
Que Deus abençoe sua viada em cada momento, 
 Fique na paz do SEnhor!!...

"CAMINHO DE VITÓRIA"

O Caminho dos vencedores
é sempre traçado passo-a-passo
com muito esforço, suor e,
muitas vezes, com lágrimas...
Disse o Senhor: O que Eu faço hoje só entenderás amanhã...
Sabemos que a alegria da vitória
compensa qualquer sacrifício...
Somente pessoas corajosas,
constantes e decididas chegam ao fim...
"A perseverança conquista a vitória“...

É enfrentando as dificuldades que você fica forte...
É superando seus limites que você cresce...
É resolvendo problemas que você desenvolve a maturidade...

É desafiando o perigo que você descobre a coragem,
arrisque e descobrirá como as pessoas crescem,
quando exigem mais de si próprias e assim conseguem
alcançar os seus objetivos...!!!
Se você não venceu ontem, não se preocupe...

        Vencerá hoje!!! 

"ESPERANÇA"

A esperança não desaponta
A esperança firmada em Cristo não desaponta, não falha, pois Fiel é quem prometeu. Tantos depositam sua confiança, sua esperança em cousas vãs, "uns confiam em carros, outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor".
O amor de Deus, que é infinito, derrama-se em nossos corações por intermédio do Espírito Santo, nosso Fiel Ajudador, que nas tribulações mostra-se a nós mais intensamente como O Consolador.
A esperança e a longanimidade caminham juntas. Longanimidade quer dizer paciência e esta também recebemos poder do próprio Deus para tê-la, contudo sempre é preciso que marchemos em direção às águas inda cerradas para que elas se abram, precisamos tomar posse da benção maravilhosa da tribulação.
Aprendamos então a ter a tribulação por benção e alegremo-nos com ela saibamos compreender que Deus está no controle de tudo.
Na tribulação, nos ensinará a perseverança, com a qual alcançaremos a experiência e por fim chegaremos à esperança da nossa soberana vocação.
Em tudo demos graças porque isto é agradável a Deus. Se ele nos deixa passar por tribulações é para que sejamos sábios e cresçamos espiritualmente.
Não peçamos portanto a Deus: "tira-me desta tribulação" ou "alivia-me esta dor", mas "dai-me coragem para enfrentá-la, constância e firmeza para não desistir e força para prosseguir até a vitória que já é minha pelo Teu Nome! Amém!"

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MOMENTO DE REFLEXÃO

Os dezembros possuem um aroma
almiscarado de saudade com esperança.
Dezembro é a encruzilhada,
princípio e fim ao mesmo tempo,
o ano corrente se despede enquanto
o ano novo vem venturoso e repleto
de possibilidades.
Dezembro é sempre mágico,
é o encontro ímpar de passado e futuro,
é a hora da reflexão e dos desejos,
de enxugar as lágrimas do que não
volta mais, e do sorriso de expectativa.
Dezembro é Natal,
é beleza, é o momento da redenção,
da Fé, do perdão,
de lembrar dos esquecidos,
dos desesperados,
de enxergar além do próprio umbigo.
Dezembro é o mês de sermos mais
humanos e estarmos mais sensíveis.
Dezembro é exceção,
mas deveria ser rotina,
é exemplo e deveria ser seguido.
Dezembro é o mês em que nos
tornamos melhores,
seja para compensarmos o que não
fomos o ano todo,
seja para começarmos a mudar para
o ano que chega.
Dezembro é festa, Reveillon,
pedidos escritos a lápis em papéis
virgens e raramente lembrados depois,
flores jogadas ao mar com refluxo
ansiosamente aguardado e,
crenças repentinas e fugazes que
geralmente se dissipam com a
fumaça dos fogos.
É promessa de mudança,
é chama acesa!
É tempo de saudade dos que não estão
mais conosco e abrilhantavam nossos
dias ou mesmo eram a razão
principal deles.
É hora de repensar os erros e não
mais cometê-los,
é o momento de repassar os acertos
e aprimorá-los.
Dezembro é o prelúdio do futuro,
é a chave do recomeço,
é a estação final do passado,
a conexão com o futuro,
o momento de arquivar o que passou
de forma que possa ser facilmente
consultado depois.
Dezembro é extremo, é decisivo,
é palco de todas as recordações,
é mais um álbum que se fecha.
Dezembro é quando eu me
lembro mais da minha impermanência
e de que sou só um grão de areia
oscilando ao sabor das dunas intermitentes
do destino que nunca cansam
de se modificar."
FELIZ NATAL e UM ANO NOVO COM MUITA PAZ

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

DECEPCIONADOS COM A IGREJA


Muitos são os cristãos que abandonam o convívio das igrejas locais e decidem exercer sua religiosidade em modelos alternativos.
Por Mauricio Zágari
A Igreja Evangélica brasileira está cansada. E é um cansaço que vem provocando mudanças fortes de paradigmas com relação aos modelos eclesiásticos tradicionais. Ele afeta milhões de pessoas que se cansaram de promessas que não se cumprem, práticas bizarras impostas de cima para baixo, estruturas hierárquicas que julgam imperfeitas ou do mau exemplo e do desamor de líderes ou outros membros de suas congregações. Dessa exaustão brotou um movimento que a cada dia se torna maior e mais visível: o de cristãos que abandonam o convívio das igrejas locais e decidem exercer sua religiosidade em modelos alternativos – ou, então, simplesmente rejeitam qualquer estrutura congregacional e passam a viver um relacionamento solitário com Deus. O termo ainda não existe no vernáculo, mas eles bem que poderiam ser chamados de desigrejados.
No cerne desse fenômeno está um sentimento-chave: decepção. Em geral, aqueles que abandonam os formatos tradicionais ou que se exilam da convivência eclesiástica tomam tal decisão movidos por um sentimento de decepção com algo ou alguém. Muitos se protegem atrás da segurança dos computadores, em relacionamentos virtuais com sacerdotes, conselheiros ou simples irmãos na fé que se tornam companheiros de jornada. Há ainda os que se decepcionam com o modelo institucional e o abandonam não por razões pessoais, mas ideológicas. Outros fogem de estruturas hierárquicas que promovam a submissão a autoridades e buscam relações descentralizadas, realizando cultos em casa ou em espaços alternativos.
A percepção de que as decepções estão no coração do problema levou o professor e pastor Paulo Romeiro a escrever Decepcionados com a graça (Mundo Cristão), livro onde avalia algumas causas desse êxodo. Embora tenha usado como objeto de estudo uma denominação específica – a Igreja Internacional da Graça de Deus –, a avaliação abrange um momento delicado de todo o segmento evangélico. Para ele, o epicentro está na forma de agir das igrejas, sobretudo as neopentecostais. “A linguagem dessas igrejas é dirigida pelo marketing, que sabe que cliente satisfeito volta. Por isso, muitas estão regendo suas práticas pelo mercado e buscam satisfazer o cliente”. Romeiro, que é docente de pós-graduação no Programa de Ciências da Religião da Universidade Mackenzie e pastor da Igreja Cristã da Trindade, em São Paulo, observa que essas igrejas não apresentam projetos de longo prazo. “Não se trata da morte, não se fala em escatologia; o negócio é aqui e agora, é o imediatismo”.  Segundo o estudioso, a membresia dessas comunidades é, em grande parte, formada por gente desesperada, que busca ajuda rápida para situações urgentes – uma doença, o desemprego, o filho drogado. “O problema é que essa busca gera uma multidão de desiludidos, pessoas que fizeram o sacrifício proposto pela igreja mas viram que nada do prometido lhes aconteceu.”
Se a mentalidade de clientela provocou um efeito colateral severo, a ética de mercado faz com que os fiéis passem a rejeitar vínculos fortes com uma única igreja local, como aponta tese acadêmica elaborada por Ricardo Bitun. Pastor da Igreja Manaim e doutor em sociologia, ele usa um termo para designar esse tipo de religioso: é o mochileiro da fé. “Percebemos pelas nossas pesquisas que muitas igrejas possuem um corpo de fiéis flutuantes. Eles estão sempre de passagem; são errantes, andam de um lugar para outro em busca das melhores opções”, explica. Essa multiplicação das ofertas religiosas teria provocado um esvaziamento do senso de pertencimento, com a formação de laços cada vez mais temporários e frágeis – ao contrário do que normalmente ocorria até um passado recente, quando era comum que as famílias permanecessem ligadas a uma instituição religiosa por gerações.
Para Bitun, a origem desse comportamento é a falta de um compromisso mútuo, tanto do fiel para com a denominação e seus credos quanto dessa denominação para com o fiel. O descompromisso nas relações, um traço de nosso tempo, impede que raízes de compromisso – não só com a igreja, mas também em relação a Deus – sejam firmadas. “Enquanto está numa determinada igreja, o indivíduo atua intensamente; porém, não tendo mais nada que lhes interesse ali, rapidamente se desloca para outra, sem qualquer constrangimento, em busca de uma nova aventura da fé”, constata.

Modelo desgastado – O desprestígio do modelo tradicional de igreja, aquele onde há uma liderança com legitimidade espiritual perante os membros, numa relação hierárquica, já não satisfaz uma parcela cada vez maior de crentes. “As decepções ocorrem tanto por causa de líderes quanto de outros crentes”, aponta o pastor Valdemar Figueiredo Filho, da Igreja Batista Central em Niterói (RJ). Para ele, um fator-chave que provoca a multiplicação dos desigrejados é a frustração em relação a práticas e doutrinas. “Nesses casos, geralmentequem se decepciona é quem se envolve muito, quem participa ativamente da vida em igreja”. Com formação sociológica, o religioso diz que o fenômeno não se restringe à esfera religiosa, já que todo tipo de tradição tem sido questionada pela sociedade. “Há uma tendência ampla de se confrontar as instituições de modo geral”, diz Valdemar, que é autor do livroLiturgia da espiritualidade popular evangélica (Publit).
O jovem Pércio Faria Rios, de 18 anos, parece sintetizar esse tipo de sentimento em sua fala. Criado numa igreja tradicional – ele é descendente de uma linhagem de crentes batistas –, Pércio hoje só freqüenta cultos esporadicamente. “Sinto-me muito melhor do lado de fora”, admite. “Estou cansado da igreja e da religião”. A exemplo da maioria das pessoas que pensam como ele, o rapaz não abriu mão da fé em Jesus – apenas não quer estar ligado ao que chama de “igreja com minúsculo”, a institucional, que considera morta. “Reconheço o senhorio de Cristo sobre a minha vida e sou dependente da sua graça”, afirma. E qual seria a Igreja com maiúsculo, em sua opinião? “O Corpo de Cristo, que continua viva, e bem viva, no coração de cada cristão.”
Boa parte dos desigrejados  encontra no território livre da internet o espaço ideal para exposição de seus pontos de vista. É o caso de uma mulher de 42 anos que vive em Cotia (SP) e assina suas mensagens e posts com o inusitado pseudônimo de Loba Muito Cruel. À reportagem de CRISTIANISMO HOJE, ela garante que é uma ovelha de Jesus, mas conta que durante muito tempo foi incompreendida e rejeitada pela igreja. “Desde os nove anos, estive dentro de uma denominação cheia de dogmas e regras rígidas, acusadora e extremamente castradora”. Na juventude, afastou-se do Evangelho, mas o pior, diz ela, veio depois. “Retornei ao convívio dos irmãos tatuada e cheia de vícios, e ao invés de ser acolhida, não senti receptividade alguma por parte da igreja, o que acabou me afastando mais ainda dela. Percebi o quanto os crentes discriminam as pessoas”, queixa-se.
Loba conta que, a partir dali, começou uma peregrinação por várias igrejas. Não sentiu-se bem em nenhuma. “Percebi que nenhum dos líderes vivia o que pregava. Isso foi um balde de água fria na minha fé”, relata. Hoje, ela prefere uma expressão de fé mais informal, e considera possível tanto a vida cristã como o engajamento no Reino de Deus fora da igreja – “Desde que haja comunhão com outros irmãos de fé, que se reúnam em oração e para compartilhar a Palavra, evangelizar e atuar na comunidade”, enumera.

Igreja virtual – Gente comoPércio e Loba compartilham algo em comum, além da busca por uma espiritualidade em moldes heterodoxos: são ativos no ambiente virtual, seja por meio de blogs ou através de ferramentas como o twitter e outras redes sociais. É cada vez maior a afluência de pessoas das mais diversas origens denominacionais à internet, em busca de comunhão, instrução e edificação. O pastor Leonardo Gonçalves lidera a Iglesia Bautista Misionera em Piura, no Peru. Mestre em teologia, edita o blog Púlpito cristão. “Quando comecei esse trabalho, passei a conhecer muitas pessoas que estavam insatisfeitas com os rumos que o evangelicalismo brasileiro estava tomando”, revela. “Neste processo, alguns começaram a ver o blog como uma alternativa à Igreja, ou até mesmo como uma igreja virtual”. Leonardo lida com esse tipo de público diariamente no blog. “Geralmente, são pessoas extremamente ressentidas. Consideram-se vítimas de líderes abusivos e autoritários e relatam que tiveram sua autonomia violada e a identidade quase banida em nome de uma mentalidade de rebanho que não refletia os ideais de Cristo.”
Outro que considera natural essa migração em busca de uma comunhão cristã que prescinde da igreja tradicional é o marqueteiro e teólogo presbiteriano Danilo Fernandes, editor do blog e da newsletter Genizah Virtual. Voltado à apologética, seu trabalho tem causado polêmicas e enfrentado resistências, inclusive de líderes eclesiásticos. “Pessoas cansadas de suas igrejas estão buscando pregadores com boas palavras, o que as leva à internet”. Para ele, buscar comunhão virtual em chats e outras mídias sociais é uma tendência. “A massa está desconfiada por traumas do passado; é gente machucada, marcada, ferida, gente que viu seus ídolos caírem”, conclui. Ele mesmo tem atendido diversas pessoas que o procuram para desabafar ou pedir conselhos.
Um resultado dessa busca por comunhão no ambiente virtual é o surgimento de grupos como o Clube das Mulheres Autênticas (CMA). Nascido de uma brincadeira entre mulheres cristãs que se conhecem apenas virtualmente, o grupo tem como lema “Liberdade de ser quem realmente se é”. A bacharel em direito Roberta Oliveira Lima, de 31 anos, é uma das integrantes. Ex-membro da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG), ela afastou-se de muitas das práticas ensinadas no modelo congregacional e se diz em busca de uma igreja “sem excessos”. Ela se define como “uma pessoa desigrejada, mas não desviada dos princípios do Evangelho”. Segundo Roberta, o CMA supre carências que a igreja local já não preenchia mais. “Nosso espaço tem sido um local de refúgio, acolhimento e alegrias”, relata.
Ela garante que, até o momento, o grupo não sentiu falta de uma figura sacerdotal. “Aquilo que nos propomos a buscar não requer tal figura”, alega. “Pelo contrário, temos entre nós alguns feridos da religião e abusados por figuras sacerdotais clássicas. O nosso objetivo maior é compartilhar a vida e o Evangelho que permeia todos os centímetros de nossa existência”, descreve, ressaltando que, para isso, não é necessário adotar uma postura proselitista. “Mas nosso objetivo jamais será o de substituir a igreja local”, enfatiza.

“Galho seco” – “Falta de acolhimento pela comunidade, o desgaste provocado pelo estilo centralizador e carismático de liderança e frustração com as ênfases doutrinárias contribuem para esse fenômeno”, concorda o pastor Alderi Matos, professor de teologia histórica no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, em São Paulo. Mas ele destaca outro fator que empurra as pessoas pela porta de saída dos templos: “É quando uma igreja e seus líderes se envolvem em escândalos morais e outros”.
A paraibana C., de 37 anos, é um exemplo de gente que fez esse penoso percurso. Ela relata uma história de abusos e falta de princípios bíblicos na congregação presbiteriana de que foi membro por mais de quinze anos, culminando com um caso de violência doméstica de que foi vítima – sendo que o agressor, seu marido, era pastor. “Havia perdido completamente a alegria de viver, ao me deparar com uma realidade bem distante daquela que o Evangelho propõe como projeto para a vida”. C. fala que conviveu em um ambiente religioso adoecido pela ausência do amor de Cristo entre as pessoas: “Contendas sem fim, maledicência impiedosa e muitos litígios entre pessoas que se diziam irmãs”.
Este ano, C. pediu o divórcio do marido e tem frequentado um grupo alternativo de cristãos. “Rompi com a religião. Hoje, liberta disso, tudo o que eu desejo é Jesus, é viver em leveza e simplicidade a alegria das boas novas do Evangelho”. Ela explica que, nesse grupo, encontrou pessoas que vivenciaram experiências igualmente traumáticas com a religião e chegaram com muitas dores de alma, precisando ser acolhidas e amadas. “Temos nos ajudado e temos sido restaurados pouco a pouco. No âmbito do grupo, um ambiente de confiança foi formado, de modo que compartilhar é algo que acontece naturalmente e com segurança.”
“As pessoas anseiam por ver integridade na liderança. Quando o discurso não casa com a prática, o indivíduo reconhece a hipocrisia e se afasta”, avalia o bispo primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV), Walter McAlister. Para ele, se os modelos falidos de igrejas que não buscam o senso de comunhão e discipulado – como os que denuncia em seu livro O fim de uma era (Anno Domini) – não mudarem, o êxodo dos decepcionados vai aumentar. Apesar de compreender os motivos que levam as pessoas a abandonarem a experiência congregacional, o bispo é enfático: “Nossa identidade cristã depende da coletividade e, portanto, de um compromisso com uma família de fé. Sem isso, a pessoa não cresce nas virtudes cristãs e deixa de viver verdadeiramente a sua fé. Como um galho solto, seca e morre”.
“O fenômeno dos desigrejados é péssimo. Somos um corpo, nunca vi orelhas andando sozinhas por ai”, diz Paulo Romeiro. O pastor Alderi, que também é historiador, recorre à tradição cristã para defender a importância da igreja na vida cristã. “Da maneira como a fé cristã é descrita no Novo Testamento, ela apresenta uma feição essencialmente coletiva, comunitária. A lealdade denominacional é importante para os indivíduos e para as igrejas. Quem não tem laços firmes com um grupo de irmãos provavelmente também terá a mesma dificuldade em relação a Deus”, sentencia.

Sinais do Reino – Dentro dessa linha de pensamento, é possível até mesmo encontrar quem fez uma jornada às avessas, ou seja, da informalidade religiosa para o pertencimento denominacional. Responsável pelo blog Lion of Zion, Marco Antonio da Silva, de 31 anos, é membro da Comunidade da Aliança, ligada à Igreja Presbiteriana do Brasil, em Recife (PE). Ele afirma que redescobriu sua fé na igreja institucional. “Para alguns militantes virtuais mais radicais, isso seria uma heresia, mas tenho uma família com necessidades que uma igreja local pode suprir – e a congregação da qual faço parte supre essa lacuna muito bem”, afirma.
“Existe desgaste, autoritarismo e inoperância em todos os lugares onde o homem está”, reconhece o pastor e missionário Nelson Bomilcar. Ele prepara um livro sobre o tema, baseado nas próprias observações do segmento evangélico a partir de suas andanças pelo país. “Podemos ficar cansados e desencorajados, mas temos que perseverar e continuar amando e servindo a Igreja pela qual Jesus morreu e ressuscitou”. Como músico e integrante do Instituto Ser Adorador, Bomilcar constantemente percorre congregações das mais variadas confissões denominacionais – além de ser ligado a seis igrejas locais, ele congrega na Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo. “Continuo acreditando na Igreja do Senhor. Estou na Igreja porque fui colocado nela pelo Espírito Santo. É possível viver o Evangelho na comunidade, apesar de todas as suas ambiguidades, para balizarmos aqui e ali sinais do Reino de Deus. Tenho sido testemunha disso”.