quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

DRª. WAFA SULTAN

Wafa Sultan, a psicóloga síria-americana.

Ganhou notoriedade por criticar o Islã em Al Jazeera, não perde o ânimo
por Yitzhak Benhorin
A dra. Wafa Sultan recentemente se tornou uma lenda. As suas entrevistas com o Al-Jazeera, em que ela censurou o Islã e a forma que ele provoca ignorância e alienação nos seus seguidores fizeram dela um fenômeno: uma árabe instruída que exige que o mundo árabe reflita sobre estes fatos desagradáveis.

Em uma entrevista recente, o único momento que eu vejo lágrimas escorrendo nos olhos da Dra. Sultan é quando ela fala sobre a sua família em um pequeno povoado no oeste da Síria, duas ou três horas do Norte de Beirut. Nos olhos deles, ela é uma "ovelha negra" na família, que inclui sete irmãos e três irmãs.

O seu irmão mais velho alega que ela recebeu um milhão de dólares dos judeus para censurar o Islã. A sua mãe, de 74 anos, se recusa a falar com ela no telefone.

"Eu sei que eu não estou os ofendendo," ela disse. "Eles se sentem envergonhados. Eu entendo isto." A sua irmã em Catar, que se casou com um palestino, a apoia mais. Elas se falam uma vez por semana. A dra. Sultan contou quão difícil era não poder falar com os seus amigos na Síria, mas não com a sua mãe e irmão.

Wafa perdeu o apoio da sua família, mas recebeu a aprovação do mundo com uma série de entrevistas, a mais famosa com o al-Jazeera, em que ela atacou o Islã fanático e a alienação, o sofrimento e a luta conta o avanço que ele impõe nos seus seguidores.

Ela é uma mulher de baixa estatura, mas extremamente dotada de visão e coragem. Calorosa e despretensiosa, ela continua ciente da importância da sua mensagem: "Eu acho que em 300 anos o nome Wafa Sultan será lembrado como alguém que ajudou o Islã a sair da Idade Média," ela disse a Ynet.

A sua própria saída da Idade Média teve início com o assassinato do seu professor assistente na Faculdade de Medicina Halab em 1979. Os membros da Irmandade Árabe assassinaram o oftalmologista, o professor Yusef al Yusef porque ele era um alawi (como a família do presidente sírio Bashar Assad), gritando "Alá Akbar‟, atirando para o ar e partindo em uma motocicleta.

A dra. Sultan chamou isto do momento decisivo da sua vida. Ela começou a questionar a sua vida e as suas convicções com o seu marido, que ela conheceu nesta época. Ela parou de jejuar e rezar. O seu marido vagou de embaixada a embaixada tentando obter um visto. Tardaram dez anos para eles saírem da Síria.

Chegada aos Estados Unidos

Quando eles saíram da Síria, ele era um engenheiro agrícola e ela era uma psiquiatra. Quando eles chegaram nos Estados Unidos em 1989 com dois filhos (o terceiro nasceu nesta época) e 100 dólares, eles não falavam a língua do país. Eles viveram por alguns meses com amigos e trabalharam em qualquer emprego disponível.

Sultan contou que trabalhou como caixa, com jardinagem, fazendo tudo que fosse necessário para sobreviver. Levaram anos para eles se recuperarem financeiramente, quando o seu marido engenheiro abriu uma oficina. "É melhor ser um mecânico nos Estados Unidos do que um engenheiro na Síria," ela afirmou.

A oficina não foi a única especulação americana da família Sultan. Após uma semana que eles chegaram nos Estados Unidos, Sultan começou a escrever. Ela escreveu artigos para jornais em árabe na área de Los Angeles. O seu editor a deteve em um determinado momento e não quis publicar as suas reflexões, ela contou.

Finalmente, algumas semanas antes de 11 de setembro, um amigo sugeriu que ela lançasse o seu próprio site. Portanto, annaqed.com surgiu, ou seja, "a crítica" em árabe, contém artigos em Árabe e em Inglês.

Wafa recebeu várias chamadas telefônicas de advertências do CAIR (Conselho sobre Relações Americanas-Islâmicas – Council on American Islamic Relations). À princípio, ela conta, eles foram capazes de refreá-la até certo ponto, mas após o dia 11 de setembro, ela sabia que ela não poderia permanecer calada. "Hoje em dia em sou uma pessoa completamente diferente. Deixe eles fazerem o que eles quiserem."

A entrevista que chocou o mundo árabe

O site de Wafa foi lido no Oriente Médio inclusive. Foi assim que ela recebeu a sua primeira aparição na al-Jazeera em julho de 2005. "Eles sabiam da influência dos meus artigos e site... Eu acredito que eles não acharam que eu seria capaz de defender os meus pontos de vista ao vivo na televisão." Não estando familiarizada com a al-Jazeera ou com o programa que ela seria entrevistada, ela não percebeu que a sua aparição seria como parte de um debate. Ela foi perguntada se há um relacionamento entre o Islã e o terror e, em seguida, foi atacada verbalmente. Apesar de ter sido "atacada de emboscada", ela conseguiu vencer o debate e foi convidada para uma segunda entrevista, com um comentarista mais experiente.

A segunda entrevista ficou muito popular na internet. Desde a sua transmissão em al-Jazeera, há seções que foram traduzidas pelo MEMRI (Instituto de Pesquisa do Oriente Médio – Middle East Media Research Institute) e distribuída por vários usuários da internet. Milhões de surfistas no Oriente Médio e no mundo afora viram a entrevista que ocorreu no dia 21 de Fevereiro de 2006.

Dr. Sultan debateu o professor egípcio de estudos islâmicos, o dr. Ibrahim Al- Khouli, que não conseguia rebatê-la, perguntando a ela repetidamente: "então você é uma herética?" e afirmando que não há nexo em debater com alguém que insulta o profeta Maomé e o Corão.

Wafa Sultan disse que ela recebeu ameaças de morte e estima que alguém tentará assassiná-la, mas ela não se assusta. "Eles não foram capazes de calar a minha boca na primeira vez. Em fevereiro, eu os derrubei novamente. Eles nunca mais me convidarão," ela sorri.

Semanas após a entrevista, um dos apresentadores do programa publicou um artigo argumentando que ela foi paga para criticar o Islã. Ela respondeu a ele em uma carta: "A sua entrevista me apresentou aos americanos e à comunidade internacional. Mesmo o meu vizinho não sabia quem eu era até que você nos apresentou e agora você me culpa de ter sido comprada pelos americanos?"

Penetrando no mundo islâmico

Desde então, ela foi banida pela mídia árabe. No entanto, ela conseguiu penetrar nas ramificações do mundo muçulmano e árabe. Muitas pessoas entram no seu site e a enviam e-mails, tanto positivos, quanto ameaçadores. Na sua opinião, qualquer mensagem positiva é um bom sinal.

Ela acredita que a sua missão – "romper as paredes da prisão do mundo islâmico" – é difícil, mas ela conseguiu fazer uma rachadura. Agora será mais fácil para que outras pessoas a sucedam, ela diz.

Wafa contou sobre um e-mail de um mulá marroquino que disse que ele encadernou o seu artigo da internet e contou para o seu filho de 17 anos que este era o seu novo Corão. Ela recebe e-mails do Líbano, Jordão, Síria, Iraque, Egito e inclusive da Arábia Saudita. Ela recebe e-mails de mulheres muçulmanas a incentivando. Infelizmente, elas sempre usam pseudônimos, pois elas têm medo.

No início desta semana, ela recebeu um e-mail de uma estudante síria de 23 anos, que escreveu que o governo bloqueou o seu site, mas não os seus e- mails, e pediu que ela o enviasse por e-mail. "Eu sei que eu possuo uma grande influência no mundo árabe," ela diz orgulhosamente.

Quando foi lembrada que o produtor Theo Van Gogh foi assassinado em Amsterdam por motivos similares, ela respondeu: "Eu vivi com temor por 32 anos. 32 anos da minha vida foram roubados de mim pelo Islã radical. Deixe eles fazerem o que eles quiserem. Eu acho que eles serão bem-sucedidos um dia. Isto não é uma grande coisa."

Possível viagem para Israel

A dra. Sultan conta que quando ela morava na Síria, ela foi ensinada a odiar Israel, a pensar que os israelenses eram desumanos, um tipo de criatura diferente. Quando ela estava na Califórnia com o seu marido, ela descobriu que um vendedor de sapatos era um judeu israelense. Histérica, ela saiu correndo da loja descalça. Quando o seu marido lhe perguntou o que havia acontecido com ela, ela respondeu que o homem era o seu inimigo e que ela o odiava. Era a primeira vez que ela havia encontrado um judeu israelense cara a cara. "Aos poucos, eu descobri quão errados e estúpidos nós éramos. Vocês são seres humanos não menos do que nós," ela afirmou.

A dra. Sultan tem expectativas de visitar Israel em breve. Na segunda-feira, ela tem um encontro no consulado israelense em Los Angeles para levar adiante o assunto. É desnecessário mencionar que isto somente aumentará o ódio por ela das ramificações radicais do Islã pelo mundo afora.

Mas ela esclareceu: "Eu estou orgulhosa de mim mesma. Esta é a minha missão na vida. Nada me deterá."

domingo, 25 de dezembro de 2011

O ANIVERSARIANTE DE 25 DE DEZEMBRO

A família dEle não era rica nem pertencia à realeza, mas Ele deixou uma impressão de realeza no mundo.
Durante 30 anos, Ele aprendeu, com sua família, o ofício de carpinteiro. Com o que Ele tinha, não tirando do que os outros tinham, Ele lutou para trazer transformação para as pessoas no mundo.
Sem ter nenhum cargo político e nenhuma aspiração política, ele atraia e liderava multidões. Suas parábolas, com simplicidade, traziam promessas, inspiração e esperança. Ele dava lições sem possuir nenhum diploma universitário, mas todas as universidades juntas nunca alcançaram nem ensinaram nem muito menos transformaram tantos alunos.
Ele ajudava os pobres sem usar programas governamentais de assistência. Ele os ajudava com os recursos do Pai, não com recursos tirados de outras pessoas.
Ele curava os doentes sem usar nenhum sistema público de saúde. Ele os curava com a misericórdia do Pai, não com a pretensa misericórdia do Estado.
Ele alimentava os famintos sem usar bolsas-família do governo.
Para onde quer que fosse, Ele atraia multidões, que pareciam comícios, mas Ele nunca usou essas aglomerações para promover políticos e suas políticas. Pelo contrário, sabendo da influência dEle sobre o povo e como Ele não aceitava nenhuma aliança política, os políticos queriam matá-Lo.
Mas Ele não tinha medo deles, chegando a chamar um poderoso governante de “raposa”, termo que significava indivíduo maligno.
Durante três anos, Ele exerceu Seu ministério renunciando à Sua profissão de carpinteiro, e Ele nunca fez menção de pedir verbas governamentais para Ele ou Seu ministério, que era voltado aos pobres de espírito. Sem pedir nem depender de nenhuma assistência governamental, Ele completou todo o trabalho que precisava ser feito.
Ele nunca viajou de jatinho particular. Na maioria das vezes, Ele andava a pé, e só em raríssimas ocasiões Ele andou de jumento.
Quando O prenderam por uma acusação falsa, nenhuma autoridade governamental apareceu para defender os direitos humanos dEle. E se a prisão dEle tivesse ocorrido hoje, os direitos humanos teriam sido usados contra Ele, por ter libertado mulheres da “profissão do sexo”, um cobrador de impostos e outros pecadores.
Ele foi preso por prometer e fazer coisas que os políticos prometem, mas nunca fazem.
Apesar de totalmente inocente, Ele não proferiu murmurações no tribunal.
Ele não tinha advogado, nem se importava com a influência dos que O estavam julgando, pois Ele sabia que no final há um Supremo Juiz diante do qual todos, juízes e políticos, terão de prestar contas.
O tribunal O condenou por falsos crimes e O sentenciou à morte, tudo porque Ele mudou corações e mentes de multidões com um grupo de apenas 12 homens. Ele foi condenado por ódio e inveja religiosa e política.
A morte dEle, mais do que qualquer política governamental, trouxe esperança e redenção para milhões de oprimidos. Diferente das ideologias que derramam o sangue de milhões, Ele derramou Seu próprio sangue por milhões.
Nunca antes houve um homem como Ele.
Por mais de dois mil anos, o mundo e suas ideologias têm tentado deturpar, sequestrar, corromper e até apagar a memória e os princípios de compaixão, ajuda e sabedoria dEle.
No mundo inteiro, os seguidores dEle são hoje centenas de milhões, que estão sofrendo ódio e inveja política e religiosa, em países comunistas e muçulmanos, que condenam os cristãos a torturas, prisão e morte, e nos próprios países ocidentais, que atacam o Cristianismo e seus seguidores com leis politicamente corretas que protegem a liberdade de expressão de islâmicos, comunistas, abortistas e gayzistas, mas deixam os cristãos sem amparo.
Mais e mais, países ocidentais que têm fortes tradições cristãs estão impondo, em nome da diversidade e pluralidade, o aparelhamento do Estado ao islamismo, ao homossexualismo e — e no Brasil — às religiões afro-brasileiras, enquanto o Aniversariante não pode ser lembrado no seu próprio aniversário. Os governos ocidentais têm cada vez mais banido a menção oficial do nome dEle no dia 25 de dezembro.
É claro que eles lembram aos cristãos que deve haver uma separação entre religião e Estado. Essa separação é necessária, pois quem matou Jesus, por ódio e inveja, foi exatamente a religião e o Estado. Aliás, o Estado precisa se separar de toda ideologia de ódio e inveja, inclusive o feminismo, o abortismo e o gayzismo.
Mas o Estado e seus políticos precisam de Deus. Do contrário, o ódio, a inveja e a corrupção sempre reinarão e o Estado sempre fará uma aliança com qualquer ideologia ou religião politicamente correta contra Ele e seus seguidores.
No Natal, vamos nos lembrar do Aniversariante, que nasceu para prometer as bênçãos de redenção, socorro e provisão do Pai para toda a humanidade e morreu para garantir o cumprimento.
Julio Severo.
Adaptado de: The Perfect Conservative

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

RUBEM ALVES - AUTO BIOGRAFIA.

RUBEM ALVES.
ESCRITOR.
Nasci no dia 15 de setembro de 1933. Sobre o meu nascimento veja a crônica Que bom que eles se casaram. Faça as contas para saber quantos anos não tenho. Que "não tenho", sim; porque o número que você vai encontrar se refere aos anos que não tenho mais, para sempre perdidos no passado. Os que ainda tenho, não sei, ninguém sabe. Nasci no sul de Minas, em Boa Esperança que, naquele tempo, se chamava Dores da Boa Esperança. Depois tiraram o "Dores". Pena, porque Dores de Boa Esperança são dores de parto: há dores que anunciam o futuro. Boa Esperança é conhecida mais pela serra que o Lamartine Babo, ferido por um amor impossível, transformou em canção: "Serra da Boa Esperança", que você ouviu logo que entrou na minha casa.

Meu pai era rico, quebrou, ficou pobre. Tivemos de nos mudar. Dos tempos de pobreza só tenho memórias de felicidade. Albert Camus dizia que, para ele, a pobreza (não a miserabilidade) era o ideal de vida. Pobre, foi feliz. Conheceu a infelicidade quando entrou para o Liceu e começou a fazer comparações. A comparação é o início da inveja que faz tudo apodrecer. Aconteceu o mesmo comigo. Conheci o sofrimento quando melhoramos de vida e nos mudamos para o Rio de Janeiro. Meu pai, com boas intenções, me matriculou num dos colégios mais famosos do Rio. Foi então que me descobri caipira. Meus colegas cariocas não perdoaram meu sotaque mineiro e me fizeram motivo de chacota. Grande solidão, sem amigos. Encontrei acolhimento na religião. Religião é um bom refúgio para os marginalizados. Admirei Albert Schweitzer, teólogo protestante, organista, médico, prêmio Nobel da Paz. Quis seguir o seu caminho.

Tentei ser pianista. Fracassei. Sobrava-me disciplina e vontade. Faltava-me talento. Há um salmo que diz: "Inútil te será levantar de madrugada e trabalhar o dia todo porque Deus, àqueles a quem ama, ele dá enquanto estão dormindo." Deus não me deu talento. Deu todo para o Nelson Freire, que também nasceu em Boa Esperança. Estudei teologia. Fui pastor no interior de Minas. Convivi com gente simples e pobre. Lá um pastor é uma espécie de "despachante" para resolver todos os problemas. Mas já naquele tempo minhas idéias eram diferentes. Eu achava que religião não era para garantir o céu, depois da morte, mas para tornar esse mundo melhor, enquanto estamos vivos. Claro que minhas idéias foram recebidas com desconfiança... Em 1959 me casei e vieram os filhos Sérgio (XII.59) e Marcos (VII.62). Em 1975 nasceu minha filha Raquel. Inventando estórias para ela descobri que eu podia escrever estórias para crianças (A lista dos livros infantis que escrevi estão na Biblioteca). Fui estudar em New York (1963), voltei um mês depois do golpe militar. Fui denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana, à qual pertencia, como subversivo. Experimentei o medo e fiquei conhecendo melhor o espírito dos ministros de Deus... Minha família e eu tivemos de sair do Brasil. Fui estudar em Princeton, USA, onde escrevi minha tese de doutoramento, Towards a Theology of Liberation, publicada em 1969 pela editora católica Corpus Books com o título A Theology of Human Hope. Era um dos primeiros brotos daquilo que posteriormente recebeu o nome de Teologia da Libertação. Se você quiser saber um pouco sobre o que aconteceu comigo nesses anos, leia o ensaio Sobre deuses e caquis (O quarto do mistério, p 137). O tempo passou, mudou meu jeito de pensar, voltei ao Brasil em 1968, demiti-me da Igreja Presbiteriana. Com um Ph.D. debaixo do braço e sem emprego. Foi o economista Paulo Singer, que fiquei conhecendo numa venda de móveis usados em Princeton, que me abriu a porta do ensino superior, indicando-me para uma vaga para professor de filosofia na FAFI de Rio Claro, SP. Em 1974 transferi-me para a UNICAMP, onde fiquei até me aposentar.

Golpes duros na vida me fizeram descobrir a literatura e a poesia. Ciência dá saberes à cabeça e poderes para o corpo. Literatura e poesia dão pão para corpo e alegria para a alma. Ciência é fogo e panela: coisas indispensáveis na cozinha. Mas poesia é o frango com quiabo, deleite para quem gosta... Quando jovem, Albert Camus disse que sonhava com um dia em que escreveria simplesmente o que lhe desse na cabeça. Estou tentando me aperfeiçoar nessa arte, embora ainda me sinta amarrado por antigas mortalhas acadêmicas. Sinto-me como Nietzsche, que dizia haver abandonado todas as ilusões de verdade. Ele nada mais era que um palhaço e um poeta. O primeiro nos salva pelo riso. O segundo pela beleza.

Com a literatura e a poesia comecei a realizar meu sonho fracassado de ser músico: comecei a fazer música com palavras. Leituras de prazer especial: Nietzsche, T. S. Eliot, Kierkegaard, Camus, Lutero, Agostinho, Angelus Silésius, Guimarães Rosa, Saramago, Tao Te Ching, o livro de Eclesiastes, Bachelard, Octávio Paz, Borges, Barthes, Michael Ende, Fernando Pessoa, Adélia Prado, Manoel de Barros. Pintura: Bosch, Brueghel, Grünnenwald, Monet, Dali, Larsson. Música: canto gregoriano, Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, César Franck, Keith Jarret, Milton, Chico, Tom Jobim.

Sou psicanalista, embora heterodoxo. Minha heterodoxia está no fato de que acredito que no mais profundo do inconsciente mora a beleza. Com o que concordam Sócrates, Nietzsche e Fernando Pessoa. Exerço a arte com prazer. Minhas conversas com meus pacientes são a maior fonte de inspiração que tenho para minhas crônicas.

Já tive medo de morrer. Não tenho mais. Tenho tristeza. A vida é muito boa. Mas a Morte é minha companheira. Sempre conversamos e aprendo com ela. Quem não se torna sábio ouvindo o que a Morte tem a dizer está condenado a ser tolo a vida inteira.

O TEMPO E AS JABUTICABAS.

RUBEM ALVES.
Filósofo,Teólogo,Psicanalista,Escitor,Professor.

Contei meus anos e descobrir que terei menos tempo para viver daqui prá frente do que já vivi até agora. Tenho mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente. Mas percebendo que faltavam poucas, roi o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir que eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis. Para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias, que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Detesto fazer acareações de desafetos que brigam pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos; quero essência. Minha alma tem pressa. Sem muitas jabuticabas na bacia quero viver ao lado de gente humana, muito humana. Que sabe rir de seus tropeços. Não se encantam com triunfos. Não se considera eleita antes da hora. Não foge de sua mortalidade. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E, para mim, basta o essencial!
Ruben Brangas

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

ENTRE PASTORES E TOSQUIADORES.

Ricardo Agreste
Entre pastores e tosquiadores
"Precisamos de pastores comprometidos em conduzir seus seguidores à imagem de Cristo."


Alguns dos personagens principais do Novo Testamento são aqueles chamados de pastores ou presbíteros. A eles cabia a responsabilidade de cuidar, orientar e capacitar o rebanho de Deus. No processo de formação espiritual de homens e mulheres comprometidos com o discipulado de Jesus Cristo, eles funcionavam mesmo como pais espirituais, zelando pelo desenvolvimento saudável dos crentes. Neste sentido, é interessante lembrar que, na tradição católica romana, o responsável pela comunidade é chamado de padre, ou seja, “pai”. O termo pressupõe maturidade emocional e espiritual condizente ao fato de estes religiosos terem, sob seus cuidados, filhos e filhas. Além disso, espera-se de um bom e verdadeiro pai amor altruísta, capaz até mesmo de sacrificar-se para prover o necessário ao desenvolvimento dos que estão sob sua responsabilidade.
Tamanha era a importância dos pastores no processo de formação espiritual na Antiguidade que o autor do livro dos Hebreus escreve em tom imperativo: “Obedecei aos vossos guias, e sede submissos para com eles; pois velam por vossas almas” (Hebreus 13.17). Tal exortação, juntamente com outros textos das Escrituras, deixa claro que, no processo de formação espiritual, é fundamental haver pastores comprometidos em conduzir seus seguidores à imagem de Cristo. Numa cultura superficial como a nossa, essa relação de submissão à orientação e ao cuidado de outros tornou-se muito rara. O caráter individualista de nossa fé não nos permite sermos guiados por ninguém, e o perfil consumista de nossa cultura faz de cada crente um cliente, que determina o que deseja e como o quer. Assim, a formação espiritual se torna cada dia menos viável em nossas comunidades.
Por outro lado, não são apenas as chamadas ovelhas que mudaram ao longo dos últimos séculos. Aqueles que se intitulam de pastores também não deixaram por menos. Em meio às pressões pelo sucesso e pela prosperidade – próprias dessa mesma sociedade ocidental capitalista –, a figura do pastor ganhou traços de oportunismo, ganância, manipulação, ostentação e abuso de poder. Não é difícil encontrarmos pastores nos púlpitos, nas rádios e nas emissoras de TV gastando mais tempo falando de suas realizações pessoais e das instituições que dirigem do que da centralidade da obra de Jesus na vida cristã. Isso, quando tais espaços não são destinados inteiramente ao comércio de produtos e serviços que carregam a marca do ministério do líder. Sim, os pastores do século 21 têm usado seu poder de influência para induzir as pessoas a fazer aquilo que lhes beneficia.
Os profetas bíblicos Jeremias e Ezequiel falaram da ira de Deus contra aqueles que transformaram o rebanho em fonte do próprio alimento. Aqueles que deveriam ser pastores haviam se transformado em tosquiadores, vivendo da lã produzida pelas ovelhas. A consequência disso está relatada nas Escrituras: “Meu povo tem sido ovelhas perdidas; seus pastores as desencaminharam e as fizeram perambular pelos montes. Elas vaguearam por montanhas e colinas e se esqueceram de seu próprio curral” (Jeremias 50.6); e “As minhas ovelhas vaguearam por todos os montes e por todas as altas colinas. Foram dispersas por toda a terra, e ninguém se preocupou com elas, nem as procurou” (Ezequiel 34.6).
A cada dia aumenta o número daqueles que, vítimas de abusos ou tomados por decepções, deixam suas igrejas e se tornam como ovelhas perdidas que vivem perambulando de grupo em grupo. Elas vagueiam longe de um contexto comunitário, sem receber o devido cuidado pastoral – e, de tão machucadas pelos líderes, fecham seus corações para o pastoreio. E, se há gente que diante disso recusa qualquer orientação, na outra ponta temos líderes que justificam tal atitude, agindo como predadores do rebanho pelo qual deveriam zelar. Qual o caminho a tomar? Pode existir esperança?
Aqueles que realmente estão empenhados com a formação espiritual consistente – aquela que conduz homens e mulheres à imagem de Cristo – precisam se empenhar na restauração desta relação. Os crentes precisam avaliar com maior profundidade as motivações que os levam a romper tão facilmente com as comunidades locais e a resistir tão intensamente ao processo de se deixarem guiar por pastores.
Finalmente, precisamos de pastores. Precisamos orar pedindo a Deus que levante homens e mulheres realmente comprometidos com o cuidado, orientação e capacitação de seu povo. Paralelamente, aqueles que remam contra a maré, insistindo em simplesmente serem pastores, precisam ser valorizados e encorajados diante da sociedade que os pressiona, demandando que se transformem em provedores espirituais dos sonhos de consumo de suas ovelhas – ou mais apropriado seria dizer clientes? O perfil consumista de nossa cultura faz de cada crente um cliente, e a figura do pastor ganha traços de oportunismo, ganância, manipulação e abuso de poder.

O JESUS QUE NUNCA CONHECEREMOS.

Os estudiosos do Cristo histórico não nos dizem as coisas mais importantes sobre ele.
Por Scot McKnight
Saber quem foi Jesus, o que ele fez e qual o significado de sua passagem pelo mundo sempre foi uma espécie de obsessão das pessoas. Além do que está escrito sobre aquele que os cristãos consideram como o Salvador nas páginas da Bíblia, muitos estudiosos têm-se debruçado sobre os registros acerca do homem que viveu na Palestina do século I – alguém tão importante que foi ele mesmo que estabeleceu, com seu advento, essa contagem do tempo. A partir dos anos 1980, o interesse acadêmico sobre o Jesus histórico deu um salto. Na América, pesquisadores como Ben F. Meyer, E. P. Sanders, John Dominic Crossan, Marcus Borg, Paula Fredriksen, e N. T.Wright começaram a traçar quadros os mais diversos do chamado Filho de Deus. Alguns destes estudos pareciam bizarros; outros aproximavam-se um pouco mais da ortodoxia e dos evangelhos canônicos.
Mas a quê a expressão 'Jesus histórico' de fato se refere? Para início de conversa, Jesus – o rabi galileu que viveu, respirou, comeu, conversou e chamou discípulos, sendo ao fim de 33 anos crucificado – é um personagem cuja existência gera hoje pouca controvérsia. Mesmo fora do registro bíblico, já há evidências suficientes de sua trajetória: um homem pobre, nascido na Judeia sob a dominação romana, que exerceu ofícios manuais ao lado da família até iniciar seu trabalho de pregador itinerante, por volta dos trinta anos. Através de diversos estudos históricos, esse Jesus tem sido inserido em seu contexto judaico. Podemos chamar esse Jesus de o “Jesus judeu”. Já os quatro evangelistas e outros autores do Novo Testamento, que levam em conta o que está desvendados nas Escrituras, interpretam Jesus com o uso de termos com "Messias", "Filho de Deus", e "Filho do Homem", entendendo-o como o agente da redenção de Deus. Podemos chara esse Jesus de o "Jesus canônico". Outro aspecto precisa ser observado: a Igreja ampliou seu entendimento de Jesus, uma vez que o interpreta à luz de conceitos teológicos. Esse seria o "Jesus ortodoxo", a segunda pessoa da Trindade.
Mas o Jesus histórico é alguém ou algo à parte. Ele é o Jesus que os estudiosos reconstruíram com base nos métodos históricos, tanto o Jesus canônico do Novo Testamento como o Jesus ortodoxo da teologia da Igreja. O Jesus histórico parece mais com o Jesus judeu do que com o ortodoxo ou o canônico. Fazer distinções entre estas visões é importante para entender o que acontece no cenário acadêmico. Em primeiro lugar, o Jesus histórico é o Jesus que os acadêmicos reconstruíram com base nos métodos. Visto que os estudiosos são diferentes uns dos outros, suas reconstruções também o são umas das outras. Os métodos também são distintos, o que diferencia ainda mais a reconstrução. A maior parte deles toma os evangelhos como pouco confiáveis – mesmo assim, não os abandonam, tentando ver o que eles dizem. Outros critérios foram desenvolvidos, criticados, rejeitados e modificados, mas todos têm isso em comum: estudiosos do Jesus histórico reconstruíram Jesus com base em seus métodos históricos para, então, determinar o que, nos evangelhos, deve ser crido.
O critério essencial usado, ainda que cheio de falhas, é chamado de dissimilaridade dupla. De acordo com ele, os únicos ensinos ou ações de Jesus que podem receber crédito são os que são dissimilares tanto para o judaísmo dos dias de Jesus quanto para seus primeiros seguidores. Um dos principais exemplos é sua forma característica de chamar Deus de Abba, expressão raramente encontrada no judaísmo ou cristianismo primitivo como referência a Deus e que significa “pai”, ou, ainda, “paizinho”. Em segundo lugar, a palavra reconstruir precisa receber mais atenção. A maioria dos estudiosos do Jesus histórico entende que os evangelhos excederam nas imagens que construíram de Jesus, e que a teologia trinitariana da Igreja maximiza tudo o que Jesus pensou acerca de si mesmo, e tudo no qual os evangelistas acreditavam. Estes estudiosos construíram um Jesus que é diferente daquele ensinado pela Igreja e pelos evangelhos.

Novo Jesus – Não há razão para fazer estudos sobre o Jesus histórico – provar quem ele realmente era – se os evangelhos estão corretos e se as crenças da Igreja são justificáveis. Há apenas duas razões para se engajar na busca do Jesus histórico: a primeira, ver se a Igreja o entendeu de forma correta; e a segunda, caso a igreja não o tenha feito, é a de achar um personagem que seja mais autêntico do que o que a Igreja apresenta. Isso leva à conclusão necessária de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram, na verdade, um quinto evangelho. A reconstrução apresenta um Jesus que não é idêntico ao canônico nem ao ortodoxo. Ele é o Jesus reconstruído; isto é, um novo Jesus. E os acadêmicos realmente acreditam no Jesus por eles construído. Durante o que ficou conhecido como a "primeira busca" pelo Jesus histórico, no começo do século 20, Albert Schweitzer entendeu que Jesus era apocalíptico. Nas mais recentes busca, temos diversos perfis: o Jesus de Sander é um profeta escatológico; o de Crosan, um camponês mediterrâneo cínico e cheio de perspicácia; o de Borg é um gênio místico; já Wright o aponta como um profeta messiânico do fim do exílio, que acreditava ser Deus voltando a Sião.
O terceiro ponto, e que precisa ser reforçado nos dias de hoje, é de que os acadêmicos do Jesus histórico construíram um Jesus em contraste com as categorias que os evangelistas e a Igreja primitiva apresentam. Wright é o mais ortodoxo dos conhecidos estudiosos dessa área. Eles partem do princípio que os evangelhos exageraram, e que a Igreja absorveu o profeta galileu nas categorias da filosofia grega. A busca pelo Jesus histórico é uma tentativa de ir além da teologia e estabelecer a fé no Jesus que foi – é preciso dizer desta forma – muito mais do que o Jesus que gostaríamos que ele fosse.
Há quem pense se o que está por trás desse movimento de busca histórica não seja uma descrença, a priori, na ortodoxia, mais do que uma genuína busca histórica ou interesse pelo que aconteceu. As conclusões teológicas daqueles que buscam o Jesus histórico simplesmente correlacionam de forma muito forte com suas próprias predileções teológicas para sugerir o contrário. A pergunta que muitos de nós devemos fazer é a seguinte: podem a teologia, a cristologia ou, até mesmo, a fé, estar conectadas com as vicissitudes da busca histórica e de seus resultados? A academia espera que nós descubramos o Jesus verdadeiro. Um a um, quase todos fomos convencidos de que não importa o quanto tentemos: alcançar o Jesus não interpretado é praticamente impossível. Além disso, um Jesus descoberto é apenas a versão de um pesquisador. E o detalhe é que é incomum que pessoas, que não o próprio estudioso e alguns de seus seguidores, sejam realmente convencidas por suas descobertas.
O teólogo alemão Martin Kähler convenceu sua geração que fé em Jesus não poderia nem deveria estar baseada nas conclusões históricas sobre o que aconteceu ou não. Precisamos, então, nos perguntar: em qual Jesus devemos confiar? Será no dos evangelistas e apóstolos? Será no da Igreja – aquele dos credos? Ou no Jesus ortodoxo? Será na mais recente proposta de um historiador brilhante? Será em nosso próprio consenso baseado nas pesquisas modernas? Ou tudo deve ser somente balizado pela fé?

“Produzimos o que queremos” – Diante de tantos descaminhos, temos presenciado a morte dos últimos estudos sobre o Jesus histórico. Não completa, é verdade, porque alguns ainda estão ocupados tentando reconstruir Jesus para eles mesmos e para os que os ouvirem. Ainda assim, o entusiasmo se foi, e as propostas parecem-se cada vez mais com teses vagas do que com uma esperança de um verdadeiro encontro da história de Jesus. Dois estudiosos recentes leram o obituário dos estudos nessa área. James Dunn argumenta em suas obras que o mais longe que podemos chegar além dos evangelhos é compreender a figura de Jesus com base no que seus primeiros seguidores disseram. Isso é o máximo que podemos fazer. Esse é o Jesus que deu vida à fé cristã, e o Jesus que é digno de ser seguido. Na perspectiva de Dunn, o Jesus relembrado contém a perspectiva de seus discípulos – e além dela não podemos ir.
Dale Allison, um dos mais bem preparados acadêmico do Novo Testamento nos Estados Unidos, é menos sanguíneo e mais cínico que Dunn em seu recente livro. Depois de três décadas de trabalho nessa área, Allison esboça a variedade de percepções sobre o Jesus histórico e a suposta teoria moderna de que, se unirmos nossas mãos, chegaremos a conclusões firmes. Ele apresenta essa conclusão deprimente: "O progresso não abrangeu todos os assuntos, e seja qual for o consenso existente, ele permanecerá excessivamente chato”. Em uma única sentença, ele diz tudo: “Usamos nossos critérios para produzir o que queremos". E ele admite isso em relação a um de seus próprios livros sobre Jesus: “Abri meus olhos para o óbvio: criei um Jesus à minha própria imagem. Talvez tenhamos transformado a sua biografia em nossa próprio autobiografia”, conclui.
Quando dois estudiosos desse porte, ambos altamente dedicados à busca do Jesus histórico por ângulos distintos, chegam a conclusão similar – a de que não chegaremos ao Jesus original por esses caminhos –, uma mensagem é transmitida. Podemos provar que Jesus morreu e que ele pensou em sua morte como uma expiação. Podemos estabelecer que a tumba estava vazia e que a ressurreição é a melhor explicação para tal fato. Contudo, algo que nossos métodos históricos não podem provar é que Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação.
Em um determinado ponto, métodos históricos encontram seus limites. Estudos acadêmicos sobre Jesus não podem nos levar a lugares nos quais o Espírito Santo nos leva. O homem curado por Jesus da cegueira sintetizou tudo magistralmente a dizer que não sabia quem era o homem que o curou; disse apenas: “Sei que outrora estava cego, e que agora posso ver”. De maneira análoga, os métodos históricos, a despeito de seu valor, não são capazes de nos fazer enxergar com clareza o Filho de Deus. A fé não pode ser completamente baseada no que a história é capaz de provar. A busca pelo verdadeiro Jesus, árdua e longa, tem provado exatamente isso.

Scot McKnighté professor de religião na Universidade North Park, em Chicago (EUA) e autor de diversos livros

Tradução: Daniel Leite Guanaes

PELA CREDIBILIDADE DA VOCAÇÃO

Pastores, evangelistas e líderes estão hoje na alça de mira da sociedade em geral e na comunidade da fé, seja em igrejas históricas reformadas, pentecostais ou neopentecostais. Há muita crítica, muito escândalo, muito desgaste e muita falta de credibilidade – e tudo prejudica aqueles que estão à frente de comunidades cristãs ou instituições eclesiásticas. Temos visto algo triste, contundente e recorrente: a figura equivocada do pastor ou líder que exerce uma representatividade espiritual esvaziada e uma ação pastoral desvirtuada e desfocada, que machucaram e decepcionaram muitos. Esta é uma das razões do crescimento dos chamados desigrejados e do esvaziamento de suas comunidades.
São pastores que, provavelmente, se perderam do caminho que deveriam trilhar em relação à vocação e ação pastoral. Deixaram de lado a nobre tarefa de cuidar e servir ao Senhor e seu rebanho com amor, paixão, dedicação e perseverança. São líderes que perderam o senso de sua vocação, da missão da Igreja e do discipulado; ou então, dirigentes eclesiáticos que foram impostos na comunidade da fé sem uma avaliação criteriosa de suas qualificações bíblicas para o exercício responsável da vocação. Por isso, é cada vez mais raro encontrar os que têm inegável vocação e dons reconhecidos para o trabalho pastoral.
Muitos começam suas igrejas ou estruturas religiosas e logo se tornam proprietários do que fundaram, delegando funções de acordo com seus interesses e indicando seus auxiliares e futuros líderes na condução dos ajuntamentos. Para esses, a comunidade da fé e a igreja local são simplesmente público consumidor dos produtos oferecidos em nome da fé. Essa tragédia ganha contornos maiores quando se vê aqueles que vivem das benesses e recursos oriundos do ministério, explorando pessoas simples – os mesmos que aspiram obter vantagens político-partidárias em nome da chamada “representatividade evangélica”. A maioria dos que estão nas casas legislativas em nome dos evangélicos não têm noção de cidadania, não fazem política para o bem comum, não buscam a justiça, não pautam suas ações com responsabilidade civil pessoal e comunitária. Eles confundem o poder de Deus com o poder humano, corrompem-se em meio à degeneração geral e buscam o enriquecimento, negando-se a um testemunho corajoso pela verdade e transparência.
São pastores e líderes que não vivem ou anunciam o Evangelho da graça de Deus em toda a sua extensão, o Evangelho que repercute em todas as áreas da vida, trazendo salvação pessoal e transformação comunitária. Um Evangelho que, através da pregação, da educação na fé e do cuidado pastoral, inevitavelmente teria repercussões práticas e proféticas perante o mundo. Infelizmente muitos destes líderes não entenderam a encarnação de Jesus, não perceberam o significado de seus sofrimentos e das dores que ele viveu por amor aos homens. Eles não parecem levar a sério a própria humanidade, ignorando a inclinação que têm de fazer aquilo que não agrada a Deus. Parecem desprovidos de amor ou temor ao Senhor, esquecendo-se de que certamente prestarão contas a ele um dia. Muitos parecem nem mesmo conhecê-lo através de uma experiência pessoal de arrependimento e consciência de pecado, justiça e juízo.
Sem dúvida, é necessária a busca da recuperação da credibilidade da função pastoral e da recuperação das possibilidades da vocação. Uma ação que encoraje e estimule os discípulos do Senhor a manter sua integridade e compromisso responsável, trazendo esperança e ânimo a outros que os têm como referenciais a perseverarem na fé, na experiência comunitária e numa vida de serviço abnegado a Deus e ao próximo.
Essa credibilidade será igualmente recuperada através de um testemunho coerente, verdadeiro, radical e perseverante em meio às limitações da humanidade de cada um; credibilidade que é consequência de quem não despreza o conhecimento e intimidade com o Pai no cultivo das disciplinas espirituais. Credibilidade que é conseguida numa vida de simplicidade e prática das bem-aventuranças recomendadas e ensinadas por Jesus. Credibilidade que é fruto de dependência da graça de Deus e da multidão de conselhos e amigos sinceros, que amam também ao Senhor.
Felizmente, temos ainda bons referenciais de fé e ação pastoral espalhados pelo nosso amado Brasil. Portanto, que nossas orações sejam no sentido de que mais pastores e líderes sejam coerentes com o Evangelho e que, nas mais diversas realidades, seu bom testemunho traga muitos frutos para o Rei e para o Reino.A credibilidade da função pastoral vem através de um testemunho coerente, verdadeiro, radical e perseverante em meio às limitações da humanidade de cada um.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

AS APARÊNCIAS ENGANAM.

Deus disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração. (1 Samuel 16:7)

Quando o profeta chegou à casa da família de Jessé, ele estava com um pensamento que muitas pessoas têm a respeito das outras: "o escolhido de Deus deve ser um homem formado, que fale bem, que seja atlético, alto e de boa aparência."
Enganou-se. Não é bem assim que Deus escolhe as pessoas. Não é pela aparência, mas pelo coração, pelo caráter, pela beleza interior.
Para poder receber o sinal verde da bênção de Deus, Samuel, após levar um “puxão de orelha”, teve que esperar a chegada de apenas um garoto, pastor de ovelhas, simples, humilde, sem boa aparência, mas com uma grande aceitação diante de Deus.
Davi era esse "apenas um garoto". Só isso, nada mais. Ele foi humilhado pelo o arrogante Golias, homem prepotente e cheio de si. Mas Deus queria mostrar nessa história o seu poder. A coragem de Davi permitiu que Deus o usasse para derrotar Golias. É possível Deus pegar um simples garoto e transformá-lo em um grande e respeitado homem de Deus? Sim. Deus fez isso com Davi!
A palavra “apenas” significa somente. Diante de Deus, “apenas” é uma palavra de um significado imenso. Significa que a pessoa em si mesma não tem nada, mas pode ser uma grande bênção nas mãos do Senhor. Davi era pequeno em estatura, jovem e inexperiente. Por causa disso, não confiava em si mesmo, mas era dependente do Todo-Poderoso. Assim, foi escolhido para ser rei da grande nação de Israel.
Quando Samuel viu o rapazinho Davi, Deus ordenou: levanta-te e unge-o, porque este é o escolhido, este me agrada! A partir daquele instante, Davi se tornou um homem cheio do Espírito Santo e a sua história mudou sobremaneira.
Imagino a surpresa de todos. Nem o próprio pai de Davi acreditava que ele poderia ser o futuro rei daquela nação. Provavelmente, os irmãos de Davi também deveriam supor que o profeta estava completamente equivocado.
Apenas um rapaz chamado Davi! Como somos encorajados quando lemos essa história! Se Deus usou um garoto simples para levar a cabo o seu plano, certamente ele pode usar você também!
Deus procura pessoas simples e não arrogantes para torná-las grandes personalidades. O Altíssimo tem prazer em fazer essas transformações, porque ele quer ser reconhecido e glorificado pelo Seu poder transformador.
Talvez você possa estar se limitando ou se depreciando nesse momento. Não faça isso! Deus quer realizar uma grande obra por intermédio de você. Já pensou sobre isso? Coloque-se à disposição do Poderoso.
Diante de Deus você não é apenas mais um. Você pode ser a pessoa certa que Ele quer usar para executar o Seu grandioso plano. Basta que você olhe com os olhos da fé e veja o que Ele reservou para você. Certamente, um futuro brilhante.
Não se considere um “apenas”, quando cheio do Espírito Santo. Não olhe para as limitações que o mundo, e até mesmo os parentes e "amigos" possam lhe rotular. Creia tão-somente, porque na verdade, é Ele quem dá o talento a todos para vencer a vida. Seja um grande homem ou uma grande mulher nas mãos de Deus!Amém!!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

DEFINITIVO

Psicanalista Eliane Albuquerque.

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

A BONDADE COMPENSA.

VERA GONÇALVES.



Não se esqueçam de ser bondosos com os estranhos, porque alguns que fizeram isso hospedaram anjos sem percebê-lo! Heb. 13:2 (A Bíblia Viva).

Tarde da noite, muitos anos atrás, um casal de idade encaminhou-se ao encarregado da portaria no turno da noite,
em um hotel de terceira categoria em Filadélfia.

- O senhor teria um quarto onde pudéssemos passar a noite?
Já andamos por toda a cidade procurando um lugar onde hospedar-nos,
e nada encontramos.
Por favor, não nos diga que não tem um quarto onde possamos pernoitar.

- Bem - respondeu o encarregado.
- Não tenho um único quarto disponível no hotel,
mas podem ficar no meu próprio quarto.
Não é tão bom como alguns outros quartos,
mas é limpo e para mim será um prazer recebê-los como hóspedes.

- Que Deus o abençoe - suspirou a esposa.

Na manhã seguinte, na hora do desjejum, o marido pediu que um dos garçons chamasse o funcionário da noite.
Queria tratar de um assunto importante com ele.
Quando este chegou, o marido agradeceu-lhe a bondade
e pediu que ele se assentasse.

- Eu sou John Jacob Astor - informou o hóspede.
- O senhor é uma pessoa nobre demais para passar o resto de sua vida como porteiro noturno de um hotel de terceira categoria.

O que acharia de ser o gerente geral de um grande,
belo e luxuoso hotel na cidade de Nova Iorque?

- Isso é maravilhoso demais! - gaguejou o homem.

E assim a bondade de um obscuro funcionário
do período noturno de um hotelzinho
foi recompensada quando ele se tornou
o gerente geral do famoso Hotel Waldorf-Astoria.

Nosso verso faz alusão à hospitalidade demonstrada por Abraão aos três viajantes que na verdade eram anjos.
Sim, a bondade compensa.
Mas o pagamento nem sempre é recebido nesta vida.

Em muitos casos, o dia do pagamento não chegará antes daquele dia em que

Jesus dirá: "Vinde, benditos de Meu Pai! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
Porque tive fome e Me destes de comer; tive sede e Me destes de beber;
era forasteiro e Me hospedastes; estava nu e Me vestistes;
enfermo e Me visitastes; preso e fostes ver-Me." Mat. 25:34-36.

Deus abençoe!!!

PASTORES, SOCORRAM A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Pr. Luiz André.

O DIFERENCIAL DA ESCOLA DOMINICAL

Todo pastor precisa entender que a Escola Dominical oferece um ensino diferenciado, visto que considera os aspectos biopsicosociais dos seus alunos. Desta forma, conteúdo, recursos didáticos, método de ensino e linguagem, são todos adequados ao perfil daqueles que a frequentam. Por mais ortodoxa que seja a doutrina e o ensino, se ele não for aprendido adequadamente, não produzirá os efeitos desejados no aluno, que é a transformação plena de seu saber, ser, fazer, sentir, relacionar-se.
OS INVESTIMENTOS NA ESCOLA DOMINICAL
Quando falamos em investimentos, além dos cursos de capacitação para superintendentes e professores que se multiplicam no Brasil, é preciso que a Escola Dominical seja suprida de recursos materiais (cumputadores, projetores, bancas, quadros, papel, mapas, brinquedos educativos, etc.) e estruturais (salas e ambientes adequados). É verdade que a realidade econômica e financeira de nossas igrejas nem sempre é tão favorável para tais investimentos, mas, a pergunta é: estamos fazendo o melhor? Estamos canalizando os recursos da igreja para aquilo que de fato produz edificação e crescimento integral? Faço tais perguntas, pois muitos pastores que afirmam não ter recursos financeiros para investir na Escola Dominical, pagam altos cachês para cantores e pregadores, com o propósito de "encher" a igreja e fazer festa.
ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA
Não são poucos também os pastores que declaram de púlpito o seu amor pela Escola Dominical, mas que na prática negam o discurso, uma vez que não aparecem por lá, ou só aparecem em raríssimas ocasiões. É certo que por causa das muitas ocupações, não dá para o pastor estar em todos os trabalhos da igreja com muita regularidade, mas, programando-se com antecedência é possível aumentar as visitas. Nem sempre a questão é falta de tempo, e sim, de organização e prioridades.
APRENDENDO A LIDAR COM A LEI DA SEMEADURA.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HAITIANOS CHEGAM AO BRASIL...



Haitianos chegam ao Brasil com sonho de conseguir emprego
Maioria quer enviar dinheiro para a família que ficou no Haiti.
Ginásio em Brasiléia (AC) está sendo preparado para servir de abrigo.
Luciana Rossetto


Grupo de imigrantes do Haiti em Brasiléia (AC) (Foto: Gleilson Miranda/Agência de Notícias do Acre)
Recém-chegada do Haiti, uma mulher identificada como Ilana Sadius, de 27 anos, trabalha na cozinha improvisada na paróquia de Brasiléia, no Acre. Ela ajuda a preparar a comida para cerca de 160 haitianos que começaram a chegar à cidade em dezembro, em busca de refúgio, enquanto aguarda a entrega dos novos documentos para procurar emprego e ajudar a família.
A viagem dos haitianos até o Brasil é longa, dura até dois meses por países da América Central e América do Sul. Os imigrantes deixam o Haiti em direção à República Dominicana, onde pegam um voo para o Panamá e depois ao Equador. Alguns partem de navio direto para o Panamá e seguem em embarcações até o Equador. O trajeto de lá é igual: pegam um ônibus para atravessar o Peru e finalmente chegar ao Brasil. A parte final da viagem costuma ser feita a pé.

(Editoria de Arte/G1)
Os imigrantes entram no país por Assis Brasil (AC) e seguem para Brasiléia, onde fazem a solicitação de ingresso no país e iniciam o processo para conseguir documentos. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Henrique Corinto, disse ao G1 que 109 imigrantes haitianos já foram cadastrados em Brasiléia e existem cerca de 50 que ainda não foram identificados.
Segundo Corinto, na Polícia Federal, os estrangeiros são orientados a pedir refúgio ou visto de permanência no Brasil. “Nós estamos dando um apoio humanitário mínimo, porque eles chegam aqui sem nada. Damos a alimentação e abrigo, porque não têm onde ficar. Para transitar pelo país, eles precisam dessa autorização do Ministério da Justiça, que chega pela Polícia Federal. Então, podem ir para outros estados procurar trabalho. Alguns têm interesse em sair do país, ir para os Estados Unidos ou o México. Outros querem trabalhar em obras em Rondônia ou ir para São Paulo”, disse Corinto.
Além de alimento e abrigo, o governo do estado, em parceira com a prefeitura, oferece assistência médica aos recém-chegados. Eles fazem exame para detectar Aids, cólera e outras doenças, além de tomar vacinas contra hepatite, tétano e febre amarela.
“Eu tenho que trabalhar, porque tenho que socorrer minha família que ficou lá [no Haiti] e não tem nada. Tive muitos parentes mortos com cólera. Precisamos de trabalho para mandar algo para quem está lá. Os brasileiros estão nos ajudando. Gosto muito do Brasil”, afirmou Ilana por telefone ao G1.
Os dois filhos dela, de 9 e 6 anos, ficaram no Haiti sob os cuidados de sua mãe. Ela também deixou lá o marido, que está doente há cinco anos e não pode trabalhar. “Tenho que ajudar a manter minha mãe e meu marido. Por isso saí de lá, para poder ajudar”.
Sonho de ajudar a família
Junto com Ilana, outros cinco haitianos trabalham na cozinha da paróquia de Brasiléia. A haitiana identificada como Rosimarie Dorleans, de 51 anos, ainda não decidiu se permanece no Acre, mas afirma que quer ajudar a família. “Deixei mãe, meus irmãos e minha família. Temos grandes problemas lá, como o cólera e a Aids, e o Brasil é muito bom. Aqui todo mundo ajuda. Para chegar, foi difícil, no caminho, todo mundo me pedia dólares, mas estou bem agora”, disse.
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O haitiano identificado como Juden Samfa, de 32 anos, passa o tempo ajudando na paróquia, mas já procura trabalho. “Levei 22 dias de viagem. Minha família está lá, depois talvez deixem o Haiti. Tenho primos que morreram no terremoto e por doenças. Minha mãe e meus irmãos estão vivos. Três amigos meus morreram com cólera”, disse o rapaz. “Eu gosto do Brasil. Tentei entrar no Equador, mas lá não me agrada. Tentei o Peru, mas também não gostei. O Brasil é melhor.”
Abrigo
O padre Rutemarque Crispim explica que os imigrantes estão em pousadas na cidade, mas um ginásio cedido pela prefeitura está sendo preparado para servir de abrigo a eles. De acordo com o padre, 80% dos imigrantes são homens.
“Para pagar a viagem ao Brasil, eles tiveram de juntar dinheiro e, quando chegaram, ainda tinham uma economia. Eles foram para as pousadas, mas começaram a ser expulsos por falta de pagamento na semana passada. Foi quando o governo garantiu a permanência deles lá até que o ginásio seja preparado. Já conseguimos colchões e estamos pedindo barracas ao Exército, para que tenham um mínimo de privacidade”, disse.
Segundo Crispim, que convive mais proximamente com os refugiados, nem todos são trabalhadores braçais. “Alguns falam três, quatro línguas. Há pedreiros, carpinteiros, mas temos advogados, professores e contadores aqui”, afirmou.
O padre pretende, agora, organizar aulas de português na paróquia para facilitar a integração deles no Brasil. A maioria fala francês, crioulo, e um pouco de espanhol.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A ONÇA, O URSO E O MORANGO.

Psicanalista Eliane Albuquerque.



Um sujeito estava caído num barranco e se agarrou as raízes de uma árvore. Em cima do barranco, havia um urso imenso querendo devorá-lo. O urso rosnava, babava e mostrava os dentes. Embaixo, prontas para engoli-lo, quando caísse, estava nada mais nada menos que 6 onças.

As onças embaixo. O urso em cima. Meio perdido, ele olhou para o lado e viu um morango vermelho, lindo, enorme. Num esforço supremo apoiou seu corpo sustentado apenas pela mão direita e com a esquerda pegou o morango. Levou o morango à boca e se deliciou com o sabor doce e suculento da fruta. Foi um prazer supremo comer aquele morango.

Aí você pensa: e o urso? Dane-se o urso e coma o morango. E as onças? Azar das onças. Coma o morango. Sempre existirão ursos querendo devorar nossas cabeças e onças prontas para arrancar nossos pés. Mas nós sempre precisamos saber comer morangos. Você pode dizer: "...mas eu tenho muitos problemas para resolver...", mas os problemas não impedem ninguém de ser feliz. Coma o morango, poderá não haver outra oportunidade.

Não deixe para depois. O melhor momento para ser feliz é agora! Coma o morango!
Psicanalista Eliane Albuquerque.